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Medo de sentir

Medo de sentir

| Por Pramit |

Sempre, durante minha vida toda, a emoção que eu tinha maior medo de entrar em contato era a raiva! Todas as vezes que me vinha, aquilo me parecia algo horrível, algo onde as pessoas iriam ver o quanto eu era uma pessoa má. Essa sensação perdurou sempre dentro e fui engolindo tanto lixo querendo ser agradável, querendo ser “da paz.”

Chegou a adolescência, piorou tudo! Não tinha coragem para chegar nas mulheres. Transar, então, nem pensar! Sempre me invalidando, me sentindo menos, o pior de todos. Aos trancos e barrancos, regado a muita cerveja e maconha, consegui namorar com dezesseis anos. Gente, foi uma desgraça total. Eu tinha muito ciúme, era muito inseguro.Estava tudo explodindo dentro de mim e eu não conseguia expressar.

Fiz coisas horríveis, inimagináveis a ponto de humilhar minha namorada, me humilhar na frente dos outros. Sabe aquela sensação de “vergonha alheia”? Fiz muito! Toli ela de tudo que é jeito. Pense num grau de possessividade! Ao nível de vigiar ela em tudo que ela fazia.

Claro, eu tinha uma noção da doença que aquilo era, mas não via o tamanho e não conseguia controlar aquilo, era maior que eu. Mas quando colocava a cabeça no travesseiro, eu sabia… Eu sabia que tinha algo errado.

Foi quando por acaso achei a meditação

Eu “achava que sabia” um pouco do de tudo aquilo que acontecia dentro de mim, mas na verdade eu não tinha nem noção. Era muito mais e aquilo me dava muito medo. Primeiro, foi um processo admitir que eu sentia raiva. Parecia tudo muito estranho.

Mas com o tempo conforme fui fazendo as meditações e mergulhando em mim foi saindo muita raiva. Uma vontade de explodir, de xingar, de bater, de matar… Toda essa loucura foi vindo pra fora. E vou te dizer: não foi fácil. Descobri que a raiz de todas essas loucuras estavam relacionados com meu pai e minha mãe.

Comecei a ter lembranças de como meus pais se relacionavam. Da loucura e insegurança entre eles, do grau de possessividade que um tinha com o outro e quantas brigas eu presenciei com muitas explosão de raiva e agressividade.

Aí eu entendi o porque de eu negar todo aquele sentimento. Era muito difícil sentir aquilo, era difícil me imaginar sentindo aquelas coisas e, aos poucos, comecei a descobrir que, quanto mais força eu fazia para não sentir aquilo, mais tudo explodia dentro de mim e me dominava.

Ahh, e lembrar disso foi duro, olha… a cada memória que me vinha, mais dor, mais raiva eu sentia. Era como se eu voltasse a ser aquela criança de novo e com o tempo fui entendendo que aquela loucura, não era eu! Fui conseguindo separar o que era eles e o que era eu. Todo esse processo, ao mesmo tempo, que era doloroso, era libertador, porque eu fui me dando conta que aquele jeito de se relacionar, aquela loucura, as agressões, era deles! E isso foi me dando um alívio e ao mesmo um força. Fui resgatando uma auto confiança e aos poucos achando uma referência em mim mesmo!

E tudo isso me fez ver o quanto de loucuras eu jogava na relação e que foi perdendo a força com o tempo. Lembro da primeira vez de estar relaxado ao lado da minha namorada. Que sensação estranha! Parecia que algo estava errado sem aquela tenção, a desconfiança, a sensação de inferioridade.

Com os homens também. Sempre elegia um para ter ciúme. Competir. Enfim. Sinto que a vida melhorou muito. Não que eu tenha sanado esses meus impulsos. Eles às vezes vem, é claro, mas já perderam muita força. Por isso me apaixonei pela meditação ativa, porque é pra vida toda. Enche, esvazia e toma consciência.

E a luta continua. Os benefícios? ser cada vez mais senhor de mim, de poder me entregar mais, de ser mais amoroso, demonstrar afeto, receber afeto, transar bastante, sentir muito prazer e cada vez mais sendo eu mesmo.

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