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E o contato humano, para onde foi?

E o contato humano, para onde foi?

Passamos dois anos de pandemia em que a gente teve que se isolar, se afastar um do outro. Não podíamos nos abraçar, não podíamos conviver.

Foram dois anos trabalhando de casa, home office, pedindo comida em casa. Deixamos as ruas, deixamos tudo. Ficamos enclausurados, sem contato humano, e nesse processo, fomos endurecendo cada vez mais. Todo ser humano necessita de contato físico, contato real, de presença. Isso é da nossa natureza, nós somos seres sociais, com essa necessidade básica tão importante quanto comer. Precisamos de toque, abraços , beijos e olhares tanto quanto os atritos, as brigas. É muito difícil realmente sentir o outro através de um tela. Para agüentar a falta deste contato, tivemos que endurecer o corpo e o coração e encontrar métodos pra aliviar a solidão.

Agora passou a pandemia e parece que tudo continua igual: as pessoas não querem contato humano! O que as pessoas descobriram? Que sem esse contato elas têm menos dificuldade. Pessoas que estão carentes não contatam com quem mexeria com elas, e não se sentem incomodadas.

E se bate uma carência: Netflix ou chama uma tele entrega. Tá com dificuldade para dormir? Remédio! Um remedinho aqui, outro ali, outro lá, e assim vai indo. Você vai se enganando e a vida vai acabando. Porque isolado a gente não se incomoda. É tudo para não se incomodar.Mas a vida incomoda! Uma criança quando nasce, na sua primeira respiração, ela chora porque o ar incomoda. O ar é vida e incomoda aquele pulmão, porque expande ele e dói. Aí começa a vida!

Várias coisas incomodam. Se você tem um sexo profundo com uma pessoa, cheio de prazer, cheio de alegria, logo depois incomoda. Começam os pensamentos “E se essa pessoa não me quiser mais? E se eu ficar dependente?”. Só que a gente não suporta viver com essa insegurança, com esse incômodo . Então a gente começa a buscar um conforto, um alívio. Inconscientemente, começamos a fazer coisas pra diminuir esses sentimentos como: se enchendo de trabalho, estando sempre cansado e com menos energia pra transar, comendo mais, se distraindo com séries e filmes, ou simplesmente evitando a pessoa que vai mexer contigo. E por aí vai até não ter mais nenhuma vontade de transar. E tu, como faz isso na tua vida? Escreve aqui:

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Tudo quanto é contato humano começa a virar uma coisa pequena, superficial. Os relacionamentos continuam existindo, mas a transa e amorosidade não! Existem só compromissos, pactos entre um e outro: nosso projeto, nosso cachorro, nosso apartamento, a viagem que vamos fazer. Mas e aí, vocês estão se amando?

Com a pandemia piorou, e muito! As pessoas estão querendo viver em isolamento. Por isso nós sugerimos nesse jornal “O Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley.

Falam que o home office é bom. Não é bom, nada! Antes pelo menos você tinha que pegar um ônibus, um carro, para ir pro trabalho. Você tinha que se relacionar no trânsito, saía para almoçar com as pessoas, trabalhava numa sala com pessoas. Tinha pelo menos algum contato humano, uma troca de calor humano. O mundo tá sem essa troca. Cada vez as pessoas estão mais distantes.

Nos únicos momentos em que se encontram, em restaurantes, é cada um no seu celular. Tem quatro pessoas na mesa, cada uma no seu celular. Não conversam nada, absolutamente nada. É tudo só no celular!

Eu fiquei observando um casal que sentou numa pizzaria. Ficaram um do lado do outro, cada um no seu celular. A mulher ficou puta uma hora, colocou o celular na mesa, e quis esboçar uma reação… logo voltou, pegou o celular de novo e ficou quieta. Aí chegou a pizza: comeram pizza. Terminou a pizza: celular, celular, celular. As criancas estão entupidas de celular. Pra que brincar, jogar futebol? Celular, celular, celular!

É muito absurdo o jeito que as coisas estão ficando. As torcidas de futebol no Brasil aplaudem e vibram com um bico pra lateral! Meu Deus! A maioria das torcidas virou um bando de trogloditas! Eu sou gremista e meu time é uma merda, nem quero ver jogos… é o pior time e treinador que já existiu! Sabe o que eu quero ver? Jogo do Fluminense, com o Ganso. Não vão ser campeões provavelmente, porque é coice pra todos os lados, mas é lindo ver eles jogarem! É futebol!

E o individualismo? Tá campeão da Copa do brasil, da Libertadores da América, do Campeonato Mundial de Clubes, da Champions League! O individualismo é campeão de tudo! Todo mundo vai no seu carro, na sua academia, tudo é feito individualmente. Os outros não existem. Eu e meu celular, e aí vai! Cada vez menos as pessoas contam com as outras pra qualquer coisa. Caminhar uma pessoa junto com outra na rua é raro. É só individual: Eu Futebol Clube. É isso que o sistema quer: isolar pessoas. Eu me lembro do tempo da ditadura, eles começaram a fazer os campi universitário de tal forma que não tivesse lugares pros estudantes se encontrarem. Deixaram tudo meio quadrado, que não dá vontade de ocupar.

Antes as faculdades tinham aquela coisa meio arredondada, tinham pedras para tu sentar. Depois não, tudo reto e não dava vontade de ficar ali. Então os caras não se encontram! E isso foi ideia da ditadura dos Bolsonaro da vida, ali em 1964: as pessoas não se encontrando.

Seres humanos se encontrando é perigoso, né? Já diziam os caras da ditadura – o Figueiredo – que preferia cheiro de cavalo. Mas claro que um jumento sempre vai preferir o cheiro de um cavalo do que de uma pessoa. Desculpe, jumentos, de estar lhes ofendendo. Mas tudo tá assim: virando uma mediocridade. Quanto mais medíocre, melhor! E isso a pandemia agravou profundamente. Nós temos que retomar o contato humano: troca de calores! Troca de calor humano. Um perto do outro, presença. Acabar com essa geladeira, esse iceberg que nós estamos vivendo.

A única coisa que não é individual é o celular, o compartilhar: ali tu compartilha tudo! Se tu peidou, tu vai compartilhar. E o outro vai curtir. O outro curtiu teu peido! O troço é o absurdo dos absurdos. Mas essas interações no mundo virtual tem 2 aspectos: a primeira é que são superficiais e falsas. No Instagram todos estão rindo, sempre bem, fazendo dieta e exercício físico. Ninguém tá mal, deprimido ou se atrolhando de comida. Ninguém nunca compartilha a realidade quando está na merda. Daí cria aquela falsa sensação de que tá todo mundo bem e que só tu que está mal. O segundo aspecto é que te dá uma falsa sensação de estar interagindo, dá um falso preenchimento. Na verdade, um alivio muito superficial.

Se você teve mil curtidas, UFA! Você é um sucesso, muitas pessoas gostam de você! Até na sexualidade: tu pode entrar no Tinder, ter uns 30 matches, ficar com o ego nas alturas… Tirando de ti o atrito de buscar um contato real. Inclusive te livra do atrito da rejeição, porque tu nem fica sabendo quem te rejeitou! É a mais pura ilusão!! E nós adoramos uma ilusão, porque a realidade muitas vezes incomoda.

Faz a conta agora: dos matches que tu teve, quantas pessoas tu realmente encontrou? E se tu teve encontros, quantos foram realmente encontros legais? É o fastfood da sexualidade.

É um jogo! A vida humana virou um jogo! Aliás, tem um jogo surgindo aí que investiram milhões e milhões. Absurdo! Aguardem que tá vindo o mundo virtual, onde tu vai ter coisas, comprar terrenos, tudo virtual. Estão nos levando à loucura! Lê “Admirável Mundo Novo” e fica preocupado. Talvez tu queira voltar a ser humano. Faz força pra voltar a ser humano, vale muito a pena!

E para isso, meditação é a saída! O Namastê tá ali, é só ir lá! Toda segunda feira tem Meditação AUM, e é uma galera! Como é bom aquele contato humano. Calor, gente suando… suor! Como diria Chaplin no último discurso: “Estamos céticos e impedernidos”. Vamos parar! Sem o amor tudo está perdido. Não vale a pena, essa vida sem amor.

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